Quotes on Nature & Human

BetoBina
21 min readJul 15, 2019

I like to collect quotes, you are welcome to have a look…

Myself, Andiroba and the Amazon biome in the Pará state.

Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo, Eliane Brum

“A Amazônia é ocupada há mais de 10 mil anos, em alguns casos por populações de milhares de pessoas” … “A floresta que hoje recobre sítios arqueológicos tem, além de uma história natural, uma história cultural”

“Os enclaves de rebelados foram chamados de quilombos. E os rebeldes, de quilombolas”… “No século 17, Palmares chegou a ter 20 mil rebeldes. A maior cidade do país na época, Rio de Janeiro, tinha 7 mil habitantes em 1660”… “Aquilombar-se se tornou verbo reflexivo no Brasil atual, conjugado no plural por aqueles que, para resistir, juntam-se em enclaves de insurreição”… “Assim, amazonizar-se é também aquilombar-se”… “Para escravos que se rebelaram na Amazônia, porém, a floresta não foi pátria, mas mátria, porque era útero”.

“Nos tronamos uma espécie que come a própria casa”

“Entre os séculos 16 e 17, 90% da população originário foi exterminada por vírus e bactérias que atravessaram o oceano a bordo dos corpos dos invasores”

“A vida é viver, não acumular”

“Eduardo Viveiro de Castro: “Os índios são especialistas em fim de mundo, já que o mundo deles acabou em 1500”

“A poesia é aquela que dá conta do indizível”

“Não é possível enfrentar a crise climática com o mesmo pensamento que gestou a crise climática”

Na Amazônia a gente não morre, se encanta

Metamorfoses, Emanuele Coccia

“Toda relação ‘a sí’ produz um ovo, um casulo pós-natal, que faz do mundo um espaço de renascimento e remodelagem de si. Nós deveríamos aprender a ver em cada objeto técnico um casulo que permite essa transmutação: um computador, um telefone, um martelo, uma garrafa não são simplesmente extensões do corpo humano — são, ao contrário, manusios do mundo que tornam possível uma mudança da identidade pessoal, pelo menos etológica (scientific study of non-human animal behaviour), se não no plano anatômico.

Nossa forma individual, o ser humano, o ser borboleta ou macaco, bactéria ou figo-da-índia, cigarra-do-mar ou carvalho, é um casulo. Esse é o sentido mais profundo da teoria da evolução de Darwin. Toda forma de vida é um casulo: a gestação contínua de uma metamorfose cujo resultado revela-se apenas no futuro.

Alimentação e metamorfoses: Para a maioria de nós, isso acontece pelo menos três vezes ao dia, e, ainda assim, mal reparamos nisso. Pouco importa tratar-se de plantas, animais ou cogumelos. A cada dia, temos o hábito de sentar-nos e usar nossas bocas e mãos para literalmente incorporar o corpo de outros seres vivos: tirar-lhes a vida, tomar-lhes os ossos, a carne, e transformá-los em nossas vidas, nossos ossos, nossa carne (…) Nós chamamos de nutrição essa estranha operação.

Não podemos nos contentar em afirmar a interdependência recíproca dos seres, a sua capacidade de constituir um sistema: todos os seres são a expressão de uma única e mesma vida, eles estão numa relação de continuidade e não de simples contiguidade espacial.

Genética e reencarnação: Bastaria inclinar-se sobre cada um dos corpos para percebê-lo. Cada ser vivo é uma grande empresa de reciclagem de vidas que o precederam. Nada do que habita em nós é novo. Tudo vem de outros corpos, outros lugares, de outros tempos.

“Sou um francês na Alemanha e um alemão na França, um católico entre os protestantes e um protestante entre os católicos, um filósofo entre os crentes e um homem devoto entre os livres pensadores, um home do mundo entre os sábios, um pedante entre os povos do mundo, um jacobino entre os aristocratas e um nobre entre os democratas, um home do Antigo Regime. Não pertenço a ninguém, sou um estrangeiro em todos os lugares, queria abraçar tudo, tudo me escapa” -Louis Charles Adélaide de Chamisso de Boncourt

O mundo se define, antes de mais nada, pelo fato de ser um planeta, isto é, um corpo, ou melhor, um conjunto de corpos caracterizados por um movimento irregular e quase perpétuo: a palavra planeta provém da raiz grega planaomai, que significa “vagar, perder-se”. O mundo é o ser da metamorfose (…) a causa, a forma, a matéria da própria metamorfose e do seu movimento.

A cidade humana constitui-se, desde sua origem, contra a ideia de vida como associação de formas, ethos e mundo díspares. Ela foi o laboratório da forma mais radical de monocultura ética, ecológica e biológica. Na verdade, tendemos a pensar a cidade como um espaço inteiramente mineral e, portanto, monoespecífico: ela seria a coleção de seres humanos que vivem estavelmente sobre uma porção do corpo de Gaia e que manipulam a estrutura desse corpo para construir abrigos.

Nós estamos acostumado.a.s a pensar que as relações de interdependência entre as diferentes espécies são de natureza física, energética ou anatômica. Nunca suspeitamos que essa interdependência seja, primeiramente, de ordem cognitiva e especulativa (…) Cada espécie está ligada a uma ou várias outras espécies como ao seu espírito. é a grande mentira da neurobiologia: o intelecto não é um órgão, ele existe sempre fora do corpo de qualquer indivíduo.

A natureza contemporânea: Cada espécie decide o destino evolutivo da outra, simultaneamente artista e obra. Nós humanos, por emplo, somos uma obra de arte feita por esses macacos que decidiram modificar eus corpos visando a produzir um outro modo de vida. Nós somos sua performance específica, que já dura trezentos mil anos.

Ailton Krenak repete que a vida não é algo ao nosso redor, mas algo que nos atravessa tanto de dentro quanto de fora. Não há entorno — nem vida ao redor — , há apenas um fluxo, um continuum do qual nós somos o ato da metamorfose.

A astrologia deve, portanto, aprender a ser uma ciência da terra. Para tanto, deve-se compreender que, se queremos conhecer o porvir, não. devemos erguer os olhos, mas baixá-los e dirigi-los a esse pedaço de céu que é o nosso próprio planeta. Tudo o que aparece na Terra é o futuro antecipado sob forma de aposta. Todos os corpos da Terra são um fundo especulativo; ela mesma é um corpo futuro futurista — o futuro de todos os corpos.

O inimigo era outro: A jornada extraordinária de Bruno Latour

Revista Piauí, dezembro de 2022, autor Bernardo Esteves

“Os cientistas não estavam intelectual, política e filosoficamente equipados para resistir ao ataque de colegas que os acusavam de ser nada mais do que um monte de lobistas”

Em 2010 o autor percebeu que, para reagir aos ataques que vinham sofrendo, os cientistas do climas aos poucos estavam se alinhando com as ideias que ele e seus colegas defendiam havia décadas.

O francês disse não ver ironia no fato de os antigos críticos de sua obra terem adotado o mesmo argumento que antes rechaçavam: “pelo contrário, é uma tragédia”

Um caso extremo da incompreensão da obra de Latour se revelou quando um psicólogo o abordou numa conferência e lhe perguntou — de boa fé — se ele acreditava em realidade (…) Latour ficou abismado com a pergunta: parecia-lhe tão absurdo quanto imaginar que biólogos podiam ser contrários à existência da vida, ou que astrônomos duvidassem da presença de estrelas.

Um dos traços da obra de Latour é a atribuição de agência a todo tipo de seres e objetos, ceifando o pedestal em que a humanidade se colocou na era moderna.

A Teoria Ator-Rede propõe descrever fenômenos variados observando a forma como diferentes atores — humanos e não humanos — agem uns sobre os outros e como se associam em redes.

“Quando falamos em crise, damos a entender que é algo que vai passar, mas isso que estamos vivendo não vai mais passar (…) Já estamos em outro regime climático, justamente porque negligenciamos todas essas agências que permitiam a manutenção do mundo como ele era” Alyne Costa, PUC-RJ

Latour defendia a criação de um parlamento das coisas, conceito que ele formulou inicialmente no anos 1990. “Essa ideia de uma democracia estendida às coisas traz uma aposta de Latour de que vamos conseguir criar novas formas de habitar o mundo se conseguirmos enxergar melhor outros agentes que estão fazendo o mundo conosco” dia Alyne Costa.

Aos poucos, as reflexões de Latour passaram a incorporar o conceito de Gaia, que batizou uma hipótese formulada nos anos 1970 pela bióloga americana Lynn Margulis e pelo químico britânico James Lovelock.

Gaia é um sistema autorregulado composto pelo planeta Terra e pelas formas de vida que o habitam. Latour redefiniu o conceito e mostrou como Gaia irrompeu na vida dos humanos, uma imagem que sintetiza a crise ambiental

“Gaia ajuda a mostrar que a natureza não é uma coisa que simplesmente está aí, mas tem uma história e é produzida por bilhões de anos de interações entre bactérias, elementos químicos e outros agentes (…) é uma convocação para prestarmos atenção ao fato de que somos parte de uma rede muito mais extensa de seres dos quais dependemos” Alyne Costa.

A crise climática escancarou o que ele vinha denunciando há décadas: não faz sentido um mundo em que os cientistas descobrem os fatos e a política fica sendo o terreno de opiniões, crenças e valores.

ARRABALDE — parte VI: O que queremos?

Ameaça

Se a emissão de gases de efeito estufa seguir na mesma toada, em 2100 a China crescerá metade do que cresce hoje; a renda per capita dos Estados Unidos será um terço menor do que seria num mundo não aquecido; no caso do Brasil, o empobrecimento será de 92%.

Na cidade de Krasnoiarsk, no sul da Sibéria, as safras de 2020 de trigo e colza (biodiesel) duplicaram em relação às do ano anterior. Nadezhda Tchebakova, nascida na cidade e pesquisadora em ecologia do clima, disse ao NYT que os números confirmavam as previsões do seu grupo, “a não ser pelo fato de que esperávamos esse resultado só para meados do século”

No intervalo de um ano, de 2017 à 2018, as importações chinesas de alimentos produzidos na Rússia cresceram 61%

Existe 1,5 bilhão de cabeças de gado no mundo, se esses animais formassem um país, as suas emissões de gases de efeito estufa seria maior que da União Européia, perdendo apenas para China e Estados Unidos.

A agricultura consome mais água que qualquer outra atividade humana e quase um terço da produção agrícola se destina ao consumo de animais; um terço das terras agricultáveis do mundo é usado para o plantio de ração animal.

Derrubar florestas para formar pasto — nos últimos 25 anos, uma área equivalente à da América do Sul sofreu essa conversão — transformando um sumidouro de carbono num dilúvio de carbono.

Diligências

Cada “bife” (Impossible Burger) requer 87% menos água e ocupa 96% menos espaço do que o conventional. Associado à eliminação da ruminação bovina, explica a queda de 89% na emissão de gases de efeito estufa.

A Beyond MEat está valendo 8,7 bilhões de dólares na bolsa de Nova Iorque, o que a torna 2,5 vezes maior que a BRF e 4 vezes maior que o Marfrig.

Até 2040, 60% da carne consumida no mundo não será proveniente de animais.

Mantidos os padrões atuais de produção, alimentar o mundo em 2050 implicará em eliminar praticamente todas as florestas remanescentes do planeta. (WRI)

Em 2030, o custo das proteínas alternativas será cinco vezes menor que o das proteínas de origem animal; e, 2035 elas custarão 10 vezes menos chegando por fim a se aproximar do custo do açúcar.

As alternativas modernas serão 100 vezes mais eficientes no uso da terra, de 10 a 25 vezes mais eficientes no uso de matéria-prima e 10 vezes mais eficientes no uso de água.

Até 2030, o rebanho bovino nos Estados Unidos sofrerá um redução de 50%, e, “para todos os efeitos, o setor pecuário estará praticamente falido”

A falha

O que será da Amazônia, onde 80% das terras agrícolas ou foram tomadas pela pecuária ou se encontram em estado de abandono.

Estudos recentes indicam que a pecuária na região, ao contrário de ganhar em produtividade, torna-se cada vez mais extensiva, sintoma de ocupação predatória e uso vagabundo do território.

O Brasil é hoje o maior produtor mundial de soja e lidera o ranking de exportações de açúcar, café e suco de laranja. Nunca se fez um esforço igual para desenvolver uma economia da floresta.

Somente com a integração efetiva de políticas públicas relacionadas à Amazônia haveria alguma chance de dar conta do problema. Repressão policial (Ministérios da Justiça), fomento de atividades produtivas sustentáveis (Ministério do Meio Ambiente), monitoramento remoto do bioma (Ministério da ciência e tecnologia), sanção financeira para autores de delitos ambientais (Ministério da Fazenda) — era preciso que essa e outras ações dos diversos braços do governo federal formassem conjunto.

Velhos sonhos

De 2003 à 2008, o governo federal criou 25 milhões de de hectares de unidades de proteção (um estado de São Paulo) e 7 milhões de hectares de reservas extrativistas (três Sergipes); o primeiro governo Lula também demarcou 18,5 milhões de hectares de terras indígenas, área equivalente aos estados do Ceará e de Alagoas somados.

Em 2004, o desmatamento da Amazônia Legal chegou perto de 28 mil km quadrados, um estado do Alagoas. Em 2021, oito anso depois do lançamento do PPCDAm, o número caiu par menos de 5 mil km quadrados.

No mesmo intervalo de tempo que o país reduziu em 80% o desmatamento, houve um aumento de 75% no PIB do campo e de 37% na produção agrícola da Amazônia Legal.

Segundo dados do IBGE, 75% dos imóveis rurais são de Agricultura familiar, que geram emprego e renda para 10 milhões de pessoas.

O que se oferecia como alternativa ao tradicional agronegócio, hidroelétricas e ferrovias eram o turismo de base comunitária, produção de orgânicos, apoia à agricultura familiar e feira de orgânico. (…) A área total de assentamentos na Amazônia Legal é de 300 mil km quadrados, isso da 6% da Amazônia. Existe um elemento de justiça social, mas como projeto de desenvolvimento sustentável é um profundo fracasso.

Se você tem lotes de 300 hectares para subsistência, essa agricultura vira de corte e queima, vira agricultura de desmatamento. O governo joga essas populações desassistidas no colo da atividade ilegal. Assentamentos foram responsáveis por cerca de 1/4 de todo desmatamento entre 2013 e 2020. Terras indígenas são a categoria com menos desmatamento.

Chega de lendas

Entender como o desmatamento acontecia, isso a gente fez. Criar estratégias para diminuir o desmatamento, iso a gente fez também. O que nós não fizemos foi apresentar um novo projeto de desenvolvimento da Amazônia.

“Bolsonaro confirma interesse em liberar exportação in natura de madeira nativa da Amazônia”. No caso, não temos nem competência para serrar.

A Amazônia nunca teve sorte de ser bem imaginada pelos forasteiros que vieram dominá-la. Ela é vítima de um fracasso de ideias. (…) O erro esteve sempre em não compreender a natureza específica do lugar, a complexidade do sistema.

A Amazônia dos bois e da soja, dos tratores e dos fertilizantes, da produção de proteína animal e de ração para animais que serão convertidos em proteína é o modelo que existe hoje. “Nós não temos outro” admitiu o governador do Pará, Helder Barbalho.

De tudo o que foi destruído na Amazônia, 25% está abandonado.

Nenhuma das grandes cadeias produtivas desenvolvidas na região se beneficia do fato de estar na Amazônia.

Lavagem bovina: nascido e engordado em área irregulares, o animal é transferido para uma propriedade acima de suspeita meses antes do abate.

Estudo de 2020 do Imazon atestou que, se validado sem salvaguardas ambientais, o acordo entre UE e Mercosul gerará um desmatamento adicional de 260 mil hectares, 173 mil ha só no Brasil.

De todas as burrices em curso, talvez a maior seja não perceber que, para os concorrentes do Brasil, a razão econômica (a defesa de interesse protecionistas) converge perfeitamente com a razão ambiental. Quanto mais o Brasil desmata, mais os produtores europeus se sentem seguros.

As três palavras que mais ocorrem nas pesquisas sobre o agronegócio brasileiro são “desmatamento”, “indígena” e “agrotóxico”.

Quase 60% das pessoas entre 18 e 24 anos não tem ocupação. Na faixa dos 24 aos 29 anos, o índice é de 40%, dez pontos percentuais abaixo do resto do Brasil. A Amazônia 2.0 (bois e soja) é escassa de oportunidades.

O minério vendido sem nenhum beneficiamento, submetido a nenhum processo industrial passível de tributação, só paga impostos federais. O resultado são empresas ricas cercadas de pobreza.

Na Amazônia Legal, considerando as pessoas empregadas formalmente no setor agropecuário, 60,7% trabalham na pecuária, 34% trabalham na agricultura e apenas 5,4% na produção florestal.

Na Amazônia Legal, 56% das pessoas estão na informalidade, contra um índice nacional de 37%

Amazônia 3.0

Zelo com o meio ambiente, apoio à produção responsável de alimentos e bae tecnológica formam uma combinação poderosa para jovens.

Nós temos a marca mais conhecida do planeta, a Amazônia, e ela é constantemente usada contra nós.

Você não consegue gerir o que não mede. Precisamos identificar, descrever e qualificar e, aí sim, valorar cada um desses serviços ecossistêmicos. Isso nós não fizemos, não aprendemos a descrever.

“é como se a Alemanha trabalhasse para atrapalhar o comércio internacional de automóveis”

Restaurar 30% das áreas degradadas pode salvar 71% de espécies e absorver metade do carbono acumulado na atmosfera desde a Revolução Industrial

O mundo é um free rider do capital natural do Brasil. A gente exporta serviços ambientais sem que ninguém pague por isso.

Digamos que a economia dos países desenvolvidos chegue a neutralidade de emissões em 2050. Eles vão precisar menos da Amazônia. E, se ainda precisarem, o preço terá caído, porque outras soluções estarão competindo com os serviços ecossistêmicos naturais. Se acontecer, o Brasil terá perdido mais uma vez o bonde da história.

O futuro está no que ficou de pé.

A extinção é irreversível. A ideia de um Brasil que retira do seu patrimônio natural, e da Amazônia em particular, o fundamento da sua identidade e de seu destino, que transforma o arrabalde em nossas casa, por assim dizer, impõe ao país uma tarefa magnífica. No limite, a de se desenvolver em terras brasileiras o Vale do Silício da Biodiversidade.

If humanity changed the climate by mistake, we can change it with intent.

-Someone at Interface

Notes do Livro Revolução das plantas, de Stefano Mancuso (português)

Por que as plantas?

Acredito que há muitas boas razões para imitar o reino vegetal. As plantas consomem pouca energia, fazem movimentos passivos, são “construídas” em módulos, são robustas, têm uma inteligência distribuída (em oposição a dos animais, que é centralizada), comportam-se como colônias. Quando quiser projetar algo robusto, energeticamente sustentável e adaptável a um ambiente em contínua modificação, não há nada melhor na Terra para se inspirar.

Planta como coletivo, não indivíduo

Parece difícil definir uma planta como um “indivíduo”. Tanto que já no final do século XVIII começou a circular a ideia de que as plantas — e em particular as árvores — poderiam ser consideradas verdadeiras colônias, compostas de unidades arquitetônicas reiteradas.

Em 1790, Johann Wolfgang von Goethe (1749–1832), um botânico brilhante e também um grande erudito, escreveu: “Os ramos laterais que se originam dos nós de uma planta podem ser considerados plantas jovens solteiras que se prendem ao corpo da mãe, da mesma forma que esta se fixa ao solo”.

Erasmus Darwin (1809–1882), adotando a ideia de Goethe, afirmou em 1800: “Cada gema de uma árvore é uma planta individual; uma árvore é, portanto, uma família de plantas únicas”. Em 1839, seu neto Charles acrescentou: “Parece surpreendente que indivíduos diferentes possam estar unidos entre si; no entanto, as árvores são uma confirmação disso; na verdade, suas gemas devem ser consideradas plantas individuais. Podemos considerar os pólipos em um coral, ou os brotos de uma árvore, exemplos em que a separação entre os indivíduos não é completa.

Homem como recurso das plantas

Hoje apenas três espécies de plantas — trigo, milho e arroz — fornecem cerca de 60% das calorias consumidas pela humanidade.

Nos últimos 10 mil anos, e com uma aceleração dramática no século passado, fomos associando cada vez mais a nossa vida a uma quantidade reduzida de plantas. Uma ideia brilhante. Quanto menor o sortimento de espécies das quais dependemos, maior o risco de que algo possa dar errado. Uma doença que atacasse o trigo ou o arroz, por exemplo, seria catastrófica para a humanidade.

Com truques e enganos, muitas espécies tentam se passar por plantas cultivadas a fim de obter os mesmos benefícios. O embuste de muitas delas é um fenômeno de mimese: transformar seus próprios caracteres distintivos para enganar a atenção humana. (ex: vicia sativa — ervilhaça)

A ervilhaça, obviamente, não gostava de ser descartada dessa maneira. Assim, geração após geração, as primeiras mudanças apareceram em suas sementes, o que a tornaria cada vez mais semelhante a lentilha; até que forma, tamanho e cor dessas estruturas, de tão parecidas, já não eram mais facilmente distinguíveis.

Como muitas outras plantas produtoras de substâncias que induzem a dependência, a pimenta também se baseou na química para se ligar ao mais poderoso e versátil dos vetores animais: o homem. (…) Diferentes de outras drogas vegetais que também agem no cérebro de outros animais, a capsaicina tem uma ação exclusivamente em humanos. De fato, não há casos de outros mamíferos que gostem de comer frutos de pimenta.

Traficantes e consumidores de nectar floral

A cooperação entre plantas e formigas pode atingir níveis de sofisticação difíceis de imaginar. Um exemplo é a associação entre esses insetos e inúmeras espécies de árvores pertencentes ao gênero Acacia, nativas da Africa ou da America Latina. Alguma acácias, na verdade, produzem corpos de frutificação específicos para alimentar as formigas e lhes fornecem espaços, obtidos dentro de determinadas estruturas das árvores, one esses insetos vivem e criam suas larvas. Mas não acaba aí. (…) Além de comida e de alojamento, também bebidas gratuitas, na forma de deliciosos néctares extraflorais. Em troca, as formigas se encarregam na defesa contra qualquer animal ou planta agressora que possa danificar de qualquer forma a planta em que estão alojada. E elas fazem isso com grande eficácia. Não apenas mantém longe da árvore todos os outros insetos que tenham a infeliz ideia de se aproximar como também atacam animais bilhões de vezes maiores do que elas

Quem resolve problemas e quem os evita

Muitas das soluções desenvolvidas pelas plantas são exatamente o oposto das produzidas pelo mundo animal (…) os animais se movem, as plantas ficam paradas; os animais se alimentam de outros seres vivos, as plantas alimentam os outros seres vivos; animais produzem CO2, plantas fixam CO2; os animais consomem, as plantas produzem;

Para os vegetais, no entanto, a questão da velocidade é irrelevante. Mesmo que o ambiente em que uma planta vive se torne frio, quente ou cheio de predadores, a velocidade da resposta animal não tem significado para ela. Muito mais importante é encontrar uma solução eficaz para o problema; algo que lhe permita sobreviver apesar do calor, do frio ou da presença de predadores. Para ter sucesso nessa tarefa difícil, é preferível uma organização descentralizada. (…) Isso permite respostas mais inovadoras e, estando literalmente enraizada, um conhecimento muito mais refinado do ambiente

Enxame de raízes

Durante muito tempo pensou-se que esses coletivos (enxames, bandos, rebanhos, etc) eram formados apenas por animais. No entanto, em um nível mais abstrato, qualquer conjunto de agentes individuais que decidem, de maneira independente, que não possuem uma organização centralizada, usam regras simples para se comunicar e agem coletivamente se assemelha a esse tipo de comunidade. E esse também é o caso das plantas, cuja estrutura modular pode ser equiparada a uma colônia de insetos.

Agindo coletivamente, uma colônia supera com facilidade esse obstáculo (dados e localização), pois funciona como uma grande matriz integrada de sensores que processam continuamente as informações recebidas do ambiente. Descobrimos assim que, como em uma colônia de formigas, os ápices das raizes agem todos juntos, minimizando os distúrbio decorrente de flutuações locais.

“The philosophical study of nature endeavors, in the the vicissitudes of phenomena, to connect the present with the past.”
Alexander Humboldt

Because he makes connections, he was able to see things other people didn’t see, like human-induced climate change. He saw what happened in European colonies where cash crops and monoculture destroyed the forests, creating soil erosion. He was the first to explain the importance of the forest to the ecosystem.

Andrea Wulf

If you look at the science about what is happening on earth and aren’t pessimistic, you don’t understand data. But if you meet the people who are working to restore this earth and the lives of the poor, and you aren’t optimistic, you haven’t got a pulse. What I see everywhere in the world are ordinary people willing to confront despair, power, and incalculable odds in order to restore some semblance of grace, justice, and beauty to this world.

-Paul Hawken

Small Scale Farms

There are 500 million small scale farms. If we help these farms become regenerative, they will drawdown 6 billion tons of carbon dioxide out of the atmosphere into the soil every year. Which is equivalent to shutting down every coal fire plant on earth.

— Florence Reed, Founder of Sustainable Harvest International

Allocentric design

Design has existed almost as long as the humanoid kind, and it has arguably always been human-centered, as it has always been about adapting and domesticating the universe for the benefit of our species. It is ironic to think that so-called human-centered design is regarded as a positive twentieth century achievement. Defined by IDEO, the design company that popularized the term, as a “creative approach to problem solving that starts with people and ends with innovative solution that are tailor-made to suit their needs,” ir could just as easily be considered synonymous with corporation-centered design in its rush to optimize the “consumer experience”. Considering the exploitative frenzy that has characterized the past 120 years — possibly the most narcissistic era in the history of human kind — human-centered design actually reflects and old, anthropocentric and anthropocenic view of reality. It is time to compensate for it with a good dose of altruistic, allocentric design.

— Broken Nature XXII Triennale Milano

Organic Design

“Organic Design” is a notion as ancient as human ingenuity. Throughout history, architects and designers have considered nature the best inventor, engineer, maker, and undertaker. Nature does it best — it conceives, designs, makes, destroys, recycles best. In its design practice, it naturally considers formal elegance and efficiency, and operates cradle to cradle. Humans have forever aspire to such wisdom and mastery.

— Broken Nature XXII Triennale Milano

Good Design

Contemporary good design is also about the ability to connect, empathize, and project, and about the awareness that each object and each subject are nodes in a complex network of complex systems. The grasp of this universal interdependence should stimulate consilience — the convergence from many different knowledge fields towards the same strong conclusions that the great biologist Edward O. Wilson wishes for — and should move people’s focus from personal, discrete, and immediate concerns to a collective, systemic, and long-term attitude.

— Broken Nature XXII Triennale Milano

Design our extinction

Design can provide not only tactical creativity but also focus and strategy, with the aim to reconsider our relationship with nature beyond pious deference and inconclusive anxiety, and move toward a more constructive indebtedness. Even to those who believe that the human species will become extinct at some point in the (near? far?) future, design presents the means to plan a more elegant ending. It can ensure that the next dominant species will remember us with a modicum of respect: as dignified and caring, if not intelligent, beings.

Our only chance at survival is to design our own beautiful extinction.

— Broken Nature XXII Triennale Milano

If man’s mind is released to do it’s best work on behalf of man, then it will constantly lead us to better strategies and technologies for survival.

Buckminster Fuller

The real problem with Palm Oil

Boycotts of palm oil will neither protect nor restore the rainforest, whereas companies undertaking actions for a more sustainable palm oil industry are contributing to a long-lasting and transparent solution.

WWF on Our Challenging Climate YT channel

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