As 20 coisas mais interessantes que aprendemos na COP28.

BetoBina
4 min readDec 18, 2023
Entrada da COP28, com suas inúmeras plantas de plástico.

(English version: here)

Dubai é o arquétipo do masculino

Tudo é grande e fálico, ostentando poder e luxo. Quase 80% das mulheres têm ensino superior e estão em altos cargos, mas ainda são abafadas pelos “rulers”, que podem ter até 4 mulheres.

Apenas 15% da população é local, 85% são imigrantes

Especialmente pessoas da índia, filipinas e de países africanos que buscam uma melhor qualidade de vida. Como seus familiares não têm direito a passaporte, eles geralmente ficam alguns anos e depois voltam para seus países.

A constituição dos EAU é muito progressista.

Criada em 1971, ela fala sobre liberdade de expressão e formação de associação. Menciona que todas as pessoas são iguais em termos de raça, nacionalidade, religião e status social. Entretanto, na prática não parece ser verdade.

Estratégia além do petróleo

Eles têm um plano de criar um novo setor econômico a cada 3 anos. E a construção, turismo e serviços financeiros tem crescido muito, mas o petróleo ainda lidera o PIB. (link)

Des-igualdade de gênero

Uma foto da presidência da COP28 celebrando o resultado final do encontro deixa bem clara a falta de mulheres em cargos de liderança. (link)

A meta de 1.5C ainda está viva

Foi mencionado diversas vezes as estratégias para manter a meta do Acordo de Paris, mesmo que a meta de net zero ainda seja variável.

Transição para longe dos combustíveis fósseis

Essa foi a maneira que os 200 países encontraram para chegar em uma definição sobre o maior causador das mudanças climáticas. Em inglês: “transition away from fossil fuels”. (link)

Muita pressão e lobby

A proposta do cartel do petróleo era não mencionar combustíveis fósseis, como tinham conseguido em todas as COPs, ou falar em “unabated”, ou seja, onde eles poderiam continuar extraindo petróleo desde que usem tecnologia para capturar emissões. (link)

Alto investimento em energia renovável

No documento final, o Global Stocktake (GST), foi estabelecida a meta de triplicar energia renovável e duplicar a eficiência energética.

Fundo de perdas e danos

Foi aprovado no primeiro dia da COP, depois de décadas de negociação, o fundo para ajudar comunidades vulnerabilizadas e impactadas pelo clima. Ele já esperava ser aprovado, então fala-se de uma manobra de negociação do país sede. (link)

Mas quem paga a conta?

EAU, Alemanha e a UE fizeram os primeiros investimentos, chegando em $770.6M, sendo que alguns desses investimentos já tinham sido anunciados (re-pledge). Porém, o valor ainda representa 0,2% das necessidades dos países emergentes. (link)

Brasil propôs o fundo “Tropical Forest Forever”

Com um modelo inovador, a partir de rentabilidade de investimento e com pagamentos anuais por hectares conservados e restaurados. A proposta foi elogiada mesmo que ainda faltem muitos detalhes sobre o seu funcionamento. (link)

Nada significativo para agricultura regenerativa

Segundo o The Guardian, mais de 120 lobistas de carne e derivados laticínios estavam na COP e pressionaram para que mudanças necessárias não evoluíssem (link)

A menção sobre alimento e biodiversidade foi um marco

Sistemas alimentares representam ⅓ das emissões globais, mas só nesse ano eles foram mais representativos, mesmo que com ainda muitos falhas. O termo “natureza” foi mencionado 8 vezes e “biodiversidade” 5 vezes.

Menção sobre desmatamento

O documento final “enfatiza” que parar e reverter o desmatamento e a degradação florestal até 2030 será fundamental para cumprir os objetivos do Acordo de Paris.

A Colômbia foi destaque

Assinaram uma carta aberta para promover a implementação de Soluções Baseadas na Natureza (nature-based solutions). Assinaram uma petição contra combustíveis fósseis (link), além de lançar candidatura para sediar a próxima COP16 Biodiversidade, em 2024. (link)

Noruega apoiando a agricultura familiar

Acordos para adaptação climática e agricutlura com aproximadamente U$47M , em grande parte para pequenos agricultores. (link). Além da doação de U$50M para o fundo amazônia. (link). Porém, acabaram de anunciar investimento de U$19 bi de dólares em petróleo (link)

Menção sobre comunidades indígenas foi rasa

O texto final contém 9 menções sobre “indigenous people”, porém não mencionam nada sobre como apoiar e financiar essas comunidades. (link)

Artigo 6 (mercado de carbono) não saiu do lugar

Após o sucesso das negociações da COP26 de Glasgow com regras para o comércio bilateral de carbono entre países (Artigo 6.2) e sobre um mercado internacional de carbono (Artigo 6.4). Em Dubai, os países não conseguiram chegar em novos acordos.

Próximos passos

O documento final “encoraja” os países a apresentarem, até 2025, novos compromissos para 2035, alinhados com 1.5C. A chamada “missão 1.5C” será dirigida pelo Brasil, anfitrião da COP30.

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